sexta-feira, 19 de março de 2010

Olá pessoal!!!
Vou postar hoje um texto bem interessante, na verdade, é um dia de um diário de uma personagem do conto PEQUENAS DISTRAÇÕES - GREGÓRIO BACIC.
Ahhh.. também vou postar mais um clipe. Bjs
ENJOY!

São Paulo, 21 de julho de 2000

Sentei-me hoje pela manhã no chão frio da biblioteca e pude ver ao longe o dia iluminado. Através de uma pequena fresta da janela os raios solares invadiam o ambiente. O que, de uma certa forma, motivava-me a seguir com o plano.
O mapa de estratégia de segurança da casa estava diante de mim, os meus olhos cintilavam em uma mistura de fúria e ansiedade. Recordei dos poucos momentos passados com aquelas pessoas. Apesar de morarmos na mesma casa, não tínhamos qualquer estreita relação que pudesse desviar-me dos meus objetivos, lembro-me apenas de uma conversa longínqua com a minha cunhada assim que entrei na adolescência.
Aquele enorme papel marcava a localização estratégica das câmeras e o ponto e horário exato de cada funcionário. Calculei exatamente os passos a serem dados entre os guariteiros e os seguranças. Preparei-me com a Kalashnikov nas mãos e com outros “materias” para dar continuidade ao plano.
Sempre vista como perigosamente descuidada e ardilosa, iria provar a todos que estavam realmente certos.
Subi as escadas e fui extasiada até a porta do quarto dos meus pais, os quais dormiam um sono profundo e tranquilo. Paro ao lado da cama e dou a eles um sono eterno. Após o estampido abafado da russa, escuto passos apressados até a porta, vejo a figura de meu irmão e sua mulher, faço-o ter o mesmo destino que meus pais. E quanto a sua esposa? O final dela seria mais criativo. Ela iria pegar caro pela sua falsa piedade.
Sempre frios com os filhos, meus pais nunca vieram a se interessar pelo meu desempenho escolar e nem com a minha socialização. Não que eu fizesse questão, é claro, mas era preciso para manter as aparências com os colegas. Isso eles pareciam não entender.
Acorrentada em uma escada de ferro e com uma mordaça de gaze e esparadrapo embebida em pimenta, quebrei os dedos de minha cunhada, com um martelo, preparei-me para quebrar os belos dentes brancos. Toda aquela beleza iria desaparecer lentamente. As unhas pintadas com um vermelho vivo, davam uma pitada de vida ao tapete. E mais um berro da russa foi dado.
Quanto a velha da minha avó? Não tive nenhum trabalho, quando havia terminado de subir a escada, pude vê-la caída no chão, provavelme vítima de um infarto.
Em um gesto explícito de exibicionismo, situei-me diante das câmeras e com a arma na mão disparei, a partir de hoje tudo será diferente. Sentido-me leve e realizada pelo plano bem sucedido, parti. Agora estou aqui, com uma carteira de identidade falsa e sentada em um quarto de hotel a procura de uma próxima vítima.


Nenhum comentário:

Postar um comentário